Apostei no que foi capaz de corroer, destruir
Insisti no que fez rolar lágrimas doloridas
Persisti no que tirou-me noites longas de sonos e sorrisos
De quem menos esperei as costas eu tive
Tudo por razões medíocres, mesquinhas, vazias e pequenas demais
Decidi ir aos poucos esvaziando os frascos de ressentimentos, emoções antigas e dores fortes
Os dias foram nascendo mais vivos e o que chamava tristeza, transformou-se num eco distante e sem brilho
Necessário foi distanciar-me, ausentar-me, isolar-me, refletir, pensar, sonhar um pouco sozinha, viver um pouco na minha
Percebi, contudo, que os dias iam nascendo mais rapidamente e ao raiar do sol, novas luzes iam alumiavam-me a vida, dando-me cor e sentido
Notava também que onde quer que estivesse, a claridade alcançava-me, o calor reinava, sentia luz nova em mim
Tive de descobrir o motivo de tais coisas, saber as profundas razões, não fazia sentido, mas me fazia melhor aquilo
Fui atrás, comecei a percorrer com lupas os caminhos meus, a andar com espelhos, procurar reflexos que poderiam a mim ter algum significado, salientava os ouvidos, gostaria de reconhecer a voz se pudesse
Poucas pistas, mas uma vontade avassaladora de saber-me, saber ele, adivinhar-me, adivinhar ele, arriscar-me mais, descobrir a ele
Todos os instantes que, com cautela, procurei com cuidado algo, nada encontrei
Quando menos esperei, não procurava nada mais, nem vontade ou ânimo tinha mais para descobrir
Ele revelou-se a mim, começou a anunciar-se, elevou sua postura, e eu o vi
Sim, não havia como não olhar, eu deveria vê-lo ali, era ele a luz, o calor ele dava a mim nos dias todos
Ousei sabê-lo mais um pouco, eram poucas porções para um coração que queria ir com tudo até o final
Ele veio com a quentura para vaporizar as lágrimas minhas, veio com a luz, para que eu o enxergasse melhor
Não havia eu percebido os sinais desde o princípio
Ele dava todos os dias por mim sua vida, dava-me calor para permanecer viva
Enxugava o corpo meu, depois de banhar-me nos mares, ele cuidava de mim, sempre abraçava-me de uma vez só
Eu sentia ser envolvida, mas não via até então
Foi preciso esforçar-me a notá-lo, porque era sutil, como era sutil
Suave eram seus abraços, com zelo tornava-me protegida
Não contive-me, desviei um pouco as palavras, mas num momento perguntei o porquê
Disse-me que por amor, era
TUDO POR AMOR
Na alegria e na dor sempre estava comigo, era o meu sol todos os dias, mas não brilhava mais em mim por amor também, cuidado
Somente nele encontrei o amor com perfeição
Eu nunca havia entendido sentimento assim
A minha luz que fazia-me viva era desde a vida toda o meu amor
Ele brilhava na minha pele, era a faísca que eu via quando olhava para os céus todos os dias
Era ele lá e eu aqui sendo protegida por ele
Quando entendi a profundidade do verdadeiro amor, percebi que devia nele confiar, tudo o que fez foi por amor
Ele anulou na sua vida o seu amor, não por interesse algum, este não existia, nunca me decepcionou, mas permaneceu longe de mim enxugando as lágrimas que insistiam em rolar, cuidava de mim sem saber
Na dor, ele chamava-me a atenção para o alto, e eu olhava-o no céu e esquecia-me dos medos meus
Compreendi tudo quanto fizera por mim
Algum tempo havíamos deixado esvair-se, não poderia mais
Era TUDO POR AMOR, eu quis acreditar, eu deveria
Mesmo se errássemos eu estava pronta a acertar com ele
Disse ao sol meu para abandonar os céus, mas vir alumiar-me todos os dias pela manhã e a noite descansar sua luz comigo
Nos seus braços de amor eu acordei e sua quentura tão perto nunca havia sentido
Era forte, era aquele que sempre quis ver-me amparada ao seu lado
Era ele fazendo-me sentir viva, era um amor nascendo junto com o sol naquela manhã
Era eu, era ele, eram nós dois fazendo a primeira jura de amor que não poderia ser quebrada jamais
Era eu luz, ele estava comigo, era o mundo escuridão e meu coração claridade
Era eu amando ele e ele encantado comigo, era por amor, por nós.
SOUZA, Dayane.