
Eu tão sozinha, tão calada, no canto, de lado, fechada, insegura, com medo, de olhos tímidos, voz trêmula, pernas finas, sardas e vergonha.
É, eu tão singular, tão única, tão eu mesma, notei-me pela primeira vez plural.
Plural como 2 e 2.
Eu que era 1 e às vezes 0 de tão sozinha.
No meio desta minha solidão me percebi maior, mais ampla.
O coração da menina que nunca amou de verdade; aquele mesmo coração singular, tem-se notado plural.
Às vezes conjugado e até mesmo flexionado.
O peito que apenas carregava o coração, agora passou a levar algo mais consigo.
Passou a carregar outro "eu", que és "tu".
Iniciou-se em mim, o processo que todos que dizem amar declaram.
Coração acelerar, peito a quase saltar, mãos suar, palavras sem saber formular.
Estas malditas e inexplicáveis sensações tem tomado posse de mim.
E fazem o sangue meu parecer correr dentro de mim, quando te vê!
Ah, par meu! Que me faz em 2, que partiu meu 1, que me fez plural;
Ah, som meu! Tu, que me faz em música, que traduz minha melodia, que me expressa em harmonia;
Ah, olhar meu! Que me perfura, me derruba, que me faz tremer;
Ah, beijo meu! Que me faz sonhar, louca ficar, me faz aquecer;
Ah, toque meu! Que me faz sentir, me faz sensível, que me deixa voar;
Ah, corpo meu! Que me fez plural, que dobrou-me em 2, que me fez partir;
Ah, céu meu! Que me fez amar, que me faz pulsar, que me fez existir, surgir, sorrir;
Meu plural, tu me fez você, que se tornou eu, que passou a ser nós, e que nunca mais me deixará a sós.
SOUZA, Dayane.
Minha amiga, você se superou *-
ResponderExcluirObrigada!
ResponderExcluir